Acredite, estou mentindo - Capítulos 19, 20 e 21.
Bruna Luiza Karas, Eluyse de Lima Cirino, Luiza Jacometto e Karla Kachuba
Bruna Luiza Karas, Eluyse de Lima Cirino, Luiza Jacometto e Karla Kachuba
No
capítulo XIX "O Mito das Correções" do livro "Acredite estou
mentindo - Confissões de um Manipulador das Mídias" o autor Ryan Holiday
fala do jornalismo iterativo acredita-se que na internet é possível fazer
correções de erros e atualizar posts de notícias. Os erros podem ser
corrigidos, sozinho o jornalismo iterativo é fraco mas é forte coletivamente,
enquanto blogueiros e leitores trabalham juntos, um precisa do outro. O autor
diz ser bobagem e completa "correções online são uma piada."
As
justificativas são o oposto do que acontece na prática do jornalismo iterativo.
Os blogueiros cometem erros como qualquer pessoa, porém, não gostam de saber
que estão errados e não querem assumir, muitos erros poderiam ser evitados.
Caso o leitor queira que um site corrija o que está errado, mesmo que os
blogueiros não gostem da ideia e aconteça uma guerra por isso, acaba sendo
corrigido. São corrigidos disfarçadamente, de modo que não chame a atenção do
leitor, aparecem no fim do texto dando pouco destaque para o que está errado.
Ryan Holiday cita exemplos, cita o caso do jornalista Drudge que acusou o
conselheiro do presidente Bill Clinton, Sidney Blumenthalde violência
doméstica. Porém a fonte republicana do jornalista não era confiável, queriam
apenas atingir politicamente Sidney. O jornalista teve que admitir ao
Washington Post que foi usado para atingi-lo. Ele publicou em sua matéria mas
se recusou a se desculpar, e defendeu o jornalismo iterativo "A melhor
coisa do meio em que estou trabalhando é que você pode corrigir as coisas
rapidamente." o autor do livro se manifesta dizendo que pessoas assim são
babacas, e que ele convive com gente assim todos os dias. Diz que correções
levam tempo e blogueiros demoraram propositalmente a corrigi. Preferem não
anunciar o erro, para não precisarem reescrever o post.
A
Wikipédia é citada, pois um endereço muito utilizado pelas pessoas, porém, o
conteúdo sofre muitas alterações e as pessoas leem e levam somente aquilo em
consideração, algo que está incompleto e errado, o público consome uma parte e
tira suas próprias conclusões, nada aprofundadas. Segundo ele o jornalismo
nunca será iterativo de verdade, pois aquilo que é lido se torna fato, pede que
os leitores vejam as atualizações e chequem os fatos, já os blogueiros não pois
quando a notícia parte deles suspende isso. Ryan Holiday diz que um psicólogo
analisa que somos programados para acreditar no que lemos. É difícil corrigir,
mesmo provando que estamos errados, as correções são falhas. Leitores de blogs
são provocados a comentar e reagir diante da informação o que dificulta a
percepção da verdade quando apresentada. Mesmo que sites como o Wikipédia e
Blogs tentem melhorar muitas pessoas já foram enganadas. O interessante do
jornalismo iterativo é antiético ao funcionamento da mente humana. As pessoas
confiam nas coisas que estão escritas desde os séculos passados.
O capítulo XX começa em uma discussão de Ryan Holliday com o
CEO do Huffington Post, Eric Hippeau, e alguns colaboradores do site foi
levantada uma questão relacionada ao como a Toyota estava enfrentando um
problema de RP. Os colaboradores e o CEO deram opiniões que para Ryan Holliday
estavam erradas, pois se nunca se esteve em uma crise de RP não há conhecimento
de como manter as rédeas da situação é complicado.
Segundo Holliday o Huffington Post é um veículo noticioso
que publica boatos como se fossem fatos e republica artigos de outros blogs sem
confirmar a veracidade da informação e que era uma grande ironia pessoas que
trabalham neste veículo estarem avaliando o desempenho de RP de uma empresa sem
antes avaliar o seu próprio local de trabalho.
Pouco tempo depois o Huffington Post teve um problema de RP
e as hipóteses que o CEO e os colaboradores acharam que seriam bem aplicadas
com a Toyota não foram aplicadas com seu veículo. E por sinal o escândalo da
Toyota era sem fundamento, pois a crise de RP foi gerada por boatos que a mídia
começou a publicar e republicar como se fosse verdade. O problema relacionado
com os carros da Toyota estava relacionado ao condutor e não ao veículo, como
foi noticiado.
Para Ryan Holliday os profissionais de marketing e relações
públicas estão aplaudindo suas falhas e que estes profissionais sabem
reconhecer encenações dentro da sua área de trabalho, porém, o consumidor não
enxerga isto. Segundo Holliday grande parte do conteúdo encontrado na internet
é encenado, mas que ninguém mostra como isto ocorre, pois a margem de lucro é
alta e é mais fácil ganhar leitores com este conteúdo a procurar material que
valha a pena. Blogueiros e marqueteiros acabam trabalhando –ou conspirando-
juntos neste aspecto, pois um atende a necessidade do outro, de forma que fazem
conteúdos artificiais ou irrelevantes se tornarem importantes.
Ryan comenta que mesmo depois de ter repassado informações
falsas, vazado informações ruins, inventando mentiras etc ele ainda tinha uma
certa credibilidade com blogueiros e que estes sempre mordiam a isca quando ele
a jogava.
Transformar propaganda em conteúdo é algo que Ryan sempre
utilizou com a American Apparel. A propaganda era veiculada de forma sutil,
como conteúdo, mas se analisassem um pouco a situação era perceptível a
intenção. Quem veiculava este conteúdo não percebia e acabava fazendo a
propaganda gratuitamente.
Blogueiros, de forma ou outra, sempre acabam cobrindo alguns
eventos e alguns tentam mostrar como se deu esta cobertura, fazendo uma
cobertura da cobertura. Uma grande encheção de linguiça, segundo Holliday, mas
é algo que acaba sendo publicado pois é fácil de ser feito e faz com que o
autor pareça importante. E pior que a cobertura da cobertura é quando os blogs
dão dicas de como oferecer algum tipo de conteúdo para eles. É uma forma de
conselho que os blogueiros dão aos assessores de imprensa de como e quais tipos
de informação enviar. É mais uma forma de manipulação. E é uma manipulação que
o leitor pode ver. Artigos como este são como manuais de instrução do como
fazer com que artigos em blogs sejam, na verdade, marketing infiltrado.
Holliday diz que blogueiros e marqueteiros tem muito pouco
respeito pela verdade e se defende dizendo que suas estratégias eram complexas
e melhor elaborada, pois afirma que plantar informações em um site é uma coisa,
mas é diferente quando alguns blogueiros escrevem histórias sobre como pessoas
plantam essas histórias.
Quando se compreende como funciona este tipo de cobertura
nós vamos deixar de sermos manipulados de forma em que acreditamos ser de
entretenimento. Um dos problemas enfrentados nesta compreensão é que a mídia,
que deveria proteger do cidadão manipulado, acaba fazendo parte deste jogo de
consumo, pois raramente percebemos que o conteúdo que recebemos foi manipulado
para parecer notícia.
Para Holiday, você sabe que está lidando com sarcasmo quando
tenta responder a um comentário e percebe que não há nada que você possa dizer.
Ele diz que o sarcasmo é rentável para os blogs, e que o humor é um veículo
incrivelmente eficaz para disseminar histórias e conseguir visualizações de
página. Sarcasmo faz o jornalista sentir que está no controle, já que ele pode
criticar sem ser criticado. Faz o blogueiro parecer inteligente, mesmo sem ter
nada para dizer.