“O que é o virtual?”, Pierre Lévy

Quando nos deparamos com o termo “virtual”, automaticamente nos remetemos à internet e outros aparatos e dispositivos tecnológicos que surgiram no último século, como se este termo se tratasse de algo novo. Pierre Lévy, filósofo da informação, em seu livro conceitua o oposto. Para Lévy, antes mesmo do surgimento das tecnologias eletrônicas, já existiam vetores da virtualização, como a imaginação, a memória, o conhecimento e a religião.
A virtualização basicamente engloba o estudo do processo de questionamento e problematização dos meios, opondo-se à atualização, que é a resolução destes problemas que o virtual traz à tona. A atualização, por sua vez, produz uma transformação de ideias e qualidades novas que alimentam de volta o virtual. Desta maneira, o virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva, o pode gerar novos problemas a serem solucionados por novas atualizações, formando um ciclo. E este ciclo é formado por quatro processos: possível, real, virtual e atual. O possível concretiza-se no real e esta operação dá origem a um novo conjunto de possibilidades. Por sua vez, o virtual, que é o problema, passa a atual quando é solucionado, potenciando em seguida uma nova virtualização, e assim por diante.
A virtualização do corpo, que é uma nova etapa de autocriação que sustenta nossa espécie, possibilita que estejamos aqui e lá ao mesmo tempo; Na virtualização do texto, o leitor, ao interpretar, ao dar sentido ao texto aqui e agora, leva adiante esta cascata e atualizações originadas pelo conhecimento; Já na virtualização da ação, facilita a vida das pessoas ao virtualizar a ação do andar através da roda de um carro, por exemplo.
Estes são alguns dos exemplos que evidenciam que a virtualização das coisas, apesar de pouco tratada e discutida, está extremamente presente e desde sempre influenciou na vida e evolução humana.

Aluna: Graziela Carine Fioreze