Amanda Oliveira, Bruna Karas, Eluyse de Lima, Graziela Fioreze e Mariane Moreira.
A Cultura
da Convergência ganhou força com o advento da internet. Conforme as mídias vão
surgindo e os usuários adaptando-se a elas - ou o contrário -, um leque de
possibilidades é oferecido a quem consome os produtos de cada plataforma,
destacando as particularidades de cada uma delas. As estratégias de marketing
desenvolvidas para “prender” os usuários e reforçar as marcas está cada vez
mais presente na chamada “Era Digital”. E é dentro deste contexto que as
empresas se esforçam e buscam cada vez mais alternativas para criar uma marca
de sucesso. O segredo está diante de nossos olhos e apenas duas palavras são a
chave desse enigma: narrativa transmidiática.
Engana-se
quem acredita que uma boa obra, bem escrita ou bem produzida, é garantia de
sucesso. Para se adequar às estratégias da distribuição em múltiplos canais, a
obra precisa ter os requisitos necessários para navegar por diversas mídias,
sem perder sua qualidade e essência.
As
múltiplas narrativas transmidiáticas podem ser identificadas em diversas obras
de entretenimento que atingiram o sucesso mundial. Aqui, serão analisadas
as franquias: Harry Potter, Batman e The Walking Dead.
Harry Potter
Um dos
maiores exemplos de convergência de mídias é a franquia Harry Potter, que se
tornou um dos grandes sucessos de vendas do mundo do entretenimento. Em seu
surgimento, tratava-se de uma obra literária de aventura, e acabou caindo nas
graças do público infantil e juvenil. Milhões de crianças tomaram o gosto pela
leitura, motivados pelas histórias do jovem bruxo de Hogwarts. Consumado o
sucesso dos 7 livros, que venderam cerca de 1 bilhão de exemplares, Harry
Potter foi parar nas telas do cinema, ao produzir 8 filmes. Assim como os
livros, os filmes não decepcionaram, atribuindo à série o incrível recorde de
maior bilheteria de todos os tempos, com mais de sete bilhões de dólares em
receitas ao redor do mundo.
A marca
consolidou a fidelidade dos consumidores, com milhões de fãs no mundo inteiro.
Daí para a frente, ficaria ainda mais fácil criar um novo canal de comunicação
entre o fã e a obra. E foi o que aconteceu. Os personagens da história foram
convertidos em jogos na internet, jogos de videogame, histórias em quadrinhos,
bonecos, vestuário, bichos de pelúcia, dentre tantos outros objetos. Além
destes produtos, diversos blogs, sites e comunidades nas redes sociais foram
criados, com o objetivo de aproximar ainda mais os “pottermaníacos”. O
fanatismo chega a um nível impressionante, em que muitos fãs praticam Cosplay
(uma espécie de imitação dos personagens) e se reúnem em eventos criados
especialmente para a série.
No ano de
2010, a franquia inaugurou um parque temático na Universal Island of Adventura,
em Orlando. O parque de diversões, chamado “Mundo Mágico de Harry Potter”, foi
minuciosamente planejado com base nos cenários dos filmes, em que os fãs e
simpatizantes da franquia podem realmente se sentir dentro do universo dos
bruxos de Hogwarts.
Harry
Potter é apenas mais um exemplo de como a narração transmidiática pode
revolucionar o entretenimento e a comunicação, rendendo ótimos resultados para
as marcas e fortalecendo ainda mais a Cultura da Convergência.
Batman: o homem morcego
Herança
dos jornais sensacionalistas do século XIX, as histórias em quadrinhos vem há
várias décadas conquistando fãs de todas as idades e localizações geográficas.
Criado na década de 30 por Bob Kane e Bill Finger, Batman é um dos super-heróis
mais conhecidos do mundo. Há poucos anos atrás podemos observar o sucesso
estrondoso que a trilogia Batman de Christopher Nolan obteu.
Logo após
do lançamento de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, a Warner Bros. aproveitou
esse sucesso para lançar uma série animada chamada Batman Gothan Knight, que
retrata o que aconteceu entre os dois primeiros filmes. Não assistir essa série
animada não fará com que a compreensão dos filmes saia prejudicada, porém,
retrata um período que não é mostrado nos longa metragens. A narrativa
transmídia na franquia Batman também pode ser observada quando o jogo Batman
Arkham City é analisado, pois este tem como prelúdio uma HQ. Nessa HQ, o futuro
jogador toma conhecimento do que irá acontecer no jogo, porém, não é necessária
a leitura para que o jogo seja compreendido.
Se engana
quem pensa que é de hoje que a convergência está presente na franquia do homem
morcego. Na década de 80, o público pode decidir o destino de um dos
personagens que acompanhou Batman por muitos anos, o Robin. A morte foi
decidida com a participação do público, que ligava para um número e votava na
opção que mais lhe agradava. Isso é a inteligência coletiva sendo aplicada.
Ainda em inteligência coletiva, mas voltando alguns anos, na década de 60,
surgiu a Batgirl para a série televisiva TV Batman. Sua aceitação foi tão
grande que o público pediu para que a personagem fosse incluída, também, nos
quadrinhos.
As
histórias retratadas nos longa metragens não são as mesmas retratadas nas HQ’s.
Existe sim a inspiração, mas são histórias independentes umas das outras. Outro
ponto forte que pode ser observado na franquia é que há uma grande interação
entre os fãs. Muitos desses fãs produzem curta metragens inspirados no
super-herói incorruptível. Esses fãs-filmes, como são chamados, podem ter tanto
base nos quadrinhos como podem ter roteiros exclusivos. Um desses curtas,
chamado Batman: Dead End foi muito bem aceito pelos fãs e concorreu até a
alguns prêmios. A aceitação foi tão grande que inspirou uma HQ feita por fãs,
claro.
A franquia do homem morcego não é a única história em
quadrinhos que possui um grande leque quando se trata de convergência
transmidiatica. A Marvel Comics também investiu em convergência e narrativa
transmídia para adaptar histórias em quadrinho para as telonas, no caso com a
franquia Os Vingadores, que além das HQ’S, jogos, HQ’S e filmes dos personagens
individualmente, o filme em si, agora mais uma plataforma foi adicionada ao
leque: uma série televisiva sobre os agentes da S.H.I.E.L.D. A série não trata
dos super-heróis em si, mas sim dos agentes responsáveis por juntar os heróis
nesse grupo imbatível.
The Walking
Dead
Um último exemplo que pode ser destacado
é a série The Walking Dead. Seu início também foi por meio dos quadrinhos, que
logo depois avançou para uma série na TV e um livro sobre a história. O sucesso
foi incontestável e um novo meio de narrativa transmídia surgiu: um jogo de
videogame. Nesse caso, o que chama a atenção é como a convergência trouxe a
história à luz. Antes da série na TV, o número de pessoas que conhecia e
acompanhava os quadrinhos era pequeno, reduzido ao público alvo
"comum" dos quadrinhos.
Depois da estreia na televisão, The
Walking Dead virou fenômeno mundial e hoje em dia, há pouquíssimas pessoas que
não conheçam a história. E o processo de convergência não para por aí: rumores
tem surgido de que uma série baseada nos "personagens secundários" da
história já está sendo escrita. Ou seja, um desdobramento do foco principal,
uma história independente que não comprometerá a história principal e será
opcional apenas para quem quiser. Definição exata da narrativa transmidiática.
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